Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., João Pessoa, v. 14, n. 4, p. 036-038, 2019.
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TORNANDO-SE UM CAÇADOR
1
E-mail:
isafreire@globo.com
Isa Maria Freire
2
NEVES, Barbara Coelho. Inclusão digital na Educação: ciborgues, hackers e
políticas públicas. Curitiba: Editora CRV, 2019. Prefácio.
no final da Introdução deste livro, depois de ler a brilhante síntese das trilhas teóricas,
dos procedimentos e instrumentos da pesquisa, me veio à mente a metáfora de Rubem Alves, na
sua Filosofia da ciência
3
: “O cientista é um caçador do invisível na realidade visível”.
Nesse sentido, para Carl Sagan, “as habilidades argumentativas de rastreamento [dos
!Kung San]
4
são ciência em ação”.
5
E Carlo Ginzburg complementa: “O caçador teria sido o
primeiro a ‘narrar uma história’ porque era o único capaz de ler, nas pistas mudas (se não
imperceptíveis) deixadas pela presa, uma série coerente de eventos”.
6
Aqui, neste livro, estamos diante da narrativa de uma caçadora hábil na descrição das
trilhas, tenaz na perseguição aos objetivos, criativa nos processos de abordagem ―, que se
dispôs, corajosamente, a prospectar um território onde outros caçadores ainda não chegaram. E
como chegar lá? Brauseando os indícios, um procedimento que consiste em exercer a “arte de
não se saber o que se quer até que se o encontre”.
7
Trata-se de instrumento apropriado para
caçadores que buscam indícios em territórios da literatura científica.
8
E eis que nossa caçadora saiu a jornadear, de olho nos indícios da caça, seguindo a trilha
traçada no mapa teórico, em busca dos indícios de padrões de forma e o conteúdo que sustentem
a evolução da temática inclusão digital na produção científica da área de Educação, no Brasil.
Seu campo foi delimitado em teses e dissertações que abordam a temática, defendidas a partir de
1
Título de tutorial de introdução à metodologia da ciência on line. Disponível em:
http://www.lti.pro.br/?Tecnologias_Intelectuais___Tornando-se_um_ca%C3%A7ador
2
Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa-PB. Brasil. https://orcid.org/0000-0003-0583-2132
3
... Introdução ao jogo e suas regras. 20ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.39.
4
Povo habitante do deserto do Kalahari, em. Ver em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Povo_san
5
O mundo assombrado pelos demônios. A cncia vista como uma vela no escuro. SP: Cia. Das Letras, 1996. p.301.
6
Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Cia. das Letras, 1989. p.152.
7
ARAÚJO, V.M.R. Hermes de. Sistemas de recuperação da informação: nova abordagem teórico-conceitual. Tese
(Dout. Com. e Cult.). Rio de Janeiro: UFRJ, 1994. p.189.
8
Como em FREIRE, I.M. Sobre a temática “responsabilidade social” na literatura da ciência da informação
indexada pela Brapci. LOGEION: Filosofia da informação, v. 1 n. 1, p. 59-76, ago./fev. 2014. Disponível em:
file:///C:/Users/User/Downloads/1492-2158-1-PB.pdf
Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., João Pessoa, v. 14, n. 4, p. 036-038, 2019.
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2000. Uma questão enseja e permeia a jornada no território da literatura: como este tema vem
sendo estudado e fundamentado, ao longo dos anos 2000, na perspectiva de constituição de uma
agenda de pesquisa nesse campo para a educação brasileira?”.
Com ajuda da tecnologia apropriada, nossa destemida caçadora veio a ter sucesso na sua
empreitada, e o que estava invisível a abordagem e discussão da inclusão digital na educação
brasileira ―, tornou-se visível.
Como primeiro resultado foram identificadas categorias que constituem linhas de pesquisa de inclusão
digital no campo da Educação no Brasil. A narradora apresenta e discute cada uma delas, considerando o contexto:
o foco na formação do professor, o foco os processos educacionais, o foco na inclusão digital, inclusão digital nos
currículos e acessibilidade na educação. Sua narrativa é rica em elementos de descrição, avaliação e análise,
trazendo para nosso grupo de leitores a emoção e as observações desde o planejamento à experiência de ir ao campo
de caça em busca dos indícios de uma temática extremamente relevante para o campo da Educação.
Donde A relevância de uma agenda de inclusão digital na Educação, como defende no final da
Introdução.
Para nos inserir no contexto de sua jornada, a caçadora apresenta um mapa
epistemológico Do conhecimento sobre inclusão digital na educação, para nos guiar nas trilhas
da abordagem teórica: compartilhamos o conhecimento sobre o conhecimento na perspectiva da
narradora, acompanhando os conceitos que se entrelaçam na urdidura do texto. A seguir, em As
tecnologias digitais e a inclusão digital na educação brasileira, conhecemos os instrumentos de
análise através dos quais o caos dos dados se transformará em estrutura reveladora de um padrão
― a mandala multidisciplinar dos estudos da inclusão digital.
E nos Aspectos teóricos-conceituais e metodológicos da inclusão digital na educação,
nos tornamos participantes dessa jornada no território da literatura brasileira em Educação. A
caçadora compartilha conosco as variáveis que orientaram sua incursão nesse campo científico:
perfil do pesquisador de inclusão digital na educação; território científico da inclusão digital na
Educação; aspectos da interlocução do termo inclusão digital na educação: o diagrama
multidisciplinar; fundamentos de inclusão social nos estudos de inclusão digital na educação;
conceito de inclusão social na Educação: enfoque na inclusão digital. Em volta da fogueira do
conhecimento, ouvimos, aprendemos, e acrescentamos nossas vivências e reflexões à narrativa.
Ao final, nos Apontamentos para uma agenda de inclusão digital, recomendações e
novos questionamentos para serem inscritos numa agenda de inclusão digital na Educação.
Pesq. Bras. em Ci. da Inf. e Bib., João Pessoa, v. 14, n. 4, p. 036-038, 2019.
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De modo que, finda a narrativa, tem-se que nossa destemida caçadora revelou a produção
sobre inclusão digital na literatura do campo da Educação. Fez a jornada do conhecimento e
voltou para contar sua história.
E é uma história muito bem contada, vocês vão ler.