Os arquivos como agentes de memória: os relatórios anuais do Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre
Palavras-chave:
movimentos sociais, Movimento de Justiça e Direitos Humanos, memória, arquivosResumo
A proposta deste artigo é discutir os relatórios de atividades anuais do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, do período entre 1979 a 2015, a partir da análise de conteúdo de Laurence Bardin. Consequentemente, essa proposta converteu-se em duas frentes de exploração, sendo que a primeira consistiu de uma análise de conteúdo dos relatórios, o que correspondeu às seguintes categorias analíticas: defesas em prol dos Direitos Humanos; atividades condicionadas a Movimentos Sociais (exceto as de defesa em prol dos Direitos Humanos); e promoção e campanhas. Essa primeira análise resultou no enfoque das atividades do Movimento, ou seja, evidenciou seu papel na luta pelos direitos humanos. A segunda parte da análise correspondeu exatamente ao propósito da pesquisa, ou seja, relacionar o papel dos arquivos de movimentos sociais no Brasil, no caso do Movimento, com a memória e os arquivos. Portanto, essa documentação presente no acervo do Movimento faz desse lugar uma ferramenta social e uma fonte de dados e de resguardo da verdade por documentos que têm o caráter de testemunho e de prova de que aqueles fatos ocorreram. Além de ser um instrumento social, o arquivo do Movimento é um lugar que mantém em exercício a memória, evitando que se torne ausente e, consequentemente, se torne esquecimento.
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/119726
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