A Ciência da Informação entre os feitiços dos centros de ciência e os antídotos dos "laboratórios da vida"
Resumo
Ampliando a crítica feita a partir da filosofia da linguagem, que chama a atenção sobre a importância de análises mais complexas no que diz respeito à epistemologia da ciência da informação, ou à epistemologia da organização do conhecimento, para superarmos formalizações positivistas que têm dominado a área até aqui, propomos pensar o poder simbólico da linguagem - e, logo, dos discursos que se empenham em legitimar a Ciência da Informação (CI) - conectado a outras dimensões da realidade que cercaram/cercam a institucionalização e o desenvolvimento da mesma. Ao tratarmos as questões discursivas que permeiam sua constituição, buscaremos atentar, sobretudo, para posições e propriedades sociais objetivas que a atravessam. Assim, considerando o método para a produção de conhecimento baseado na razão dialética, que busca captar o real em suas múltiplas determinações e reafirmar o caráter histórico e criador da práxis humana, abordamos as representações sobre a Ciência da Informação a partir dos movimentos de contato e conflito que a interconecta às tantas variáveis no interior e ao entorno do campo. O conhecimento da realidade referencia-se, então, na totalidade, rearticulando as partes desse empreendimento através de sua dinâmica de constante transformação. Para realizar o percurso, propomos um diálogo entre Gramsci e Bourdieu, antecipado por uma discussão acerca da epistemologia histórica sob a argumentação diltheyana, no contexto da Ciência da Informação. Abrir as janelas da CI significa, nesta reflexão, proporcionarmos a nós mesmos, pesquisadores, as possibilidades de espiarmos os “laboratórios da vida”, desenclausurando-nos de uma “interdisciplinaridade” altamente disciplinar no plano político.
Palavras-chave: Epistemologia da Ciência da Informação. Gramsci. Bourdieu. Dialética.
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