Do 11/9 à covid-19: a vigilância de estado na perspectiva da ética intercultural da informação
Resumo
Introdução: o presente artigo aborda as práticas de vigilância e monitoramento de informações pessoais levadas a cabo pelas duas principais potências econômicas mundiais (Estados Unidos e China), em dois momentos críticos da história recente: o ataque às torres do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, e a pandemia do coronavírus (COVID-19) em 2020. Objetivo: Demonstrar que, em tais períodos, ações de vigilância de informações pessoais tendem a ser reforçadas por governos de distintas matrizes culturais, sem enfrentar grande resistência por parte das populações que se encontram amedrontadas pela perspectiva da morte. Metodologia: a pesquisa parte de dois estudos de caso para verificar possíveis semelhanças entre as ações de vigilância estatal norte-americanas, realizadas a partir do 11 de setembro de 2001, e as ações de vigilância estatal realizadas pela China durante a pandemia da COVID-19. Resultados: é possível afirmar que, embora as motivações declaradas sejam distintas (referentes à segurança nacional, em 2001, e à saúde pública, em 2020), ambos os fenômenos – ação terrorista e pandemia – servem como justificativa moral para o recrudescimento das ações de vigilância nas potências mundiais citadas, que se valem do temor público para aumentar o controle sobre seus cidadãos e cidadãs. Conclusões: a vigilância de Estado, em países autoritários e também nos que se dizem democráticos, opera em uma perspectiva dialética de proteção e opressão, sendo necessário estabelecer limites ao uso de dados pessoais por governos e a defesa da privacidade dos indivíduos.
Palavras-chave: Vigilância. Privacidade. Ética da informação. Ética intercultural da informação. Coronavírus.
Link: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/39949